Mind of Jacka: A Organização Não É a Única Coisa
Magazine Resource Mike Jacka, CIA, CPA, CPCU, CLU
Ao ler um dos primeiros romances de Graham Greene, intitulado A Gun for Sale ("Uma arma à venda", em tradução livre), deparei-me com este trecho interessante. Um detetive está falando sobre sua posição em relação à possibilidade de guerra na década de 1930 e seu papel como detetive. "Para mim, não importa se haverá uma guerra. Quando ela acabar, ainda vou querer continuar com este trabalho. É da organização que eu gosto. Eu sempre quero estar do lado que organiza. Do outro lado, temos os gênios, é claro, mas também temos todos os malandros, toda a crueldade, o egoísmo e o orgulho."
É uma perspectiva interessante para detetives... e para auditores internos. A frase "o lado que organiza" ressoa em todos nós.
Para os detetives, a confiança na organização em vez de palpites, intuições e sorte, é uma marca registrada de sua profissão e a razão de seu sucesso (apesar do que você pode ter visto na televisão). Meu pai trabalhou por vários anos no Departamento de Identificação do Gabinete do Xerife do Condado de Maricopa, lidando com fotografia, impressões digitais e outras abordagens forenses — o exame e a organização sistemáticos de fatos, detalhes e evidências. Acho que não seria exagero dizer que o trabalho que ele fez foi tão fundamental para o sucesso de cada caso quanto qualquer outro trabalho realizado durante as investigações. (E, em pelo menos uma situação significativa, foi o principal fator para impedir a libertação indevida de um assassino).
E o mesmo acontece com o desempenho das auditorias internas. É a organização de nossa pesquisa/nossos papéis de trabalho/nossos dados/nossas entrevistas/nossas evidências que cria as peças fundamentais para qualquer coisa que reportamos. Não nos baseamos em palpites, intuições ou sorte. Contamos com o exame sistemático das evidências.
Que bom para nós. Essa é uma habilidade e um componente importante para a conclusão bem-sucedida de nosso trabalho.
Infelizmente, depois de elogiar e glorificar nossa capacidade de organização, devo dizer agora que acredito que ela também seja uma âncora que nos arrasta para baixo.
Veja o restante da citação de Greene. "Do outro lado [o lado oposto àqueles que organizam], temos os gênios, é claro, mas também temos todos os malandros, toda a crueldade, o egoísmo e o orgulho."
Embora seja verdade que muitos dos criativos do mundo não sejam necessariamente organizadores, abordá-los como o reflexo gêmeo maligno dos organizadores é subestimar o valor dos criativos e a necessidade que temos deles. Sim, os criativos podem ser bagunceiros. Sim, os criativos podem não ver o mundo da mesma forma que os organizadores. E, sim, os criativos podem não seguir as regras que os organizadores acham que deveriam ser seguidas. Mas os criativos veem e conduzem o futuro.
Novamente, a organização é a base — a base de uma auditoria, a base de um plano, a base da estratégia, a base do que fazemos. Mas a criatividade pega essa base e a transforma em algo maior.
Infelizmente, muitos no mundo da auditoria interna ainda se identificam e agem como organizadores. E então, contratamos mais organizadores. E os organizadores geram mais organizadores. E todos esses organizadores espremem os criativos até que eles se encaixem nos moldes ou vão para outro lugar.
E é aí que reside nosso maior problema atualmente. Não é o fato de não termos um lugar à mesa. Não é que não estejamos identificando os maiores riscos. Não é que não estejamos agregando valor. Não que não possamos cumprir as promessas mais amplas que fazemos sobre nossa profissão.
Não, nosso maior problema é o fato de sermos organizadores. Somos aqueles que garantem que tudo ocorra exatamente como deveria. Somos nós que seguimos as regras. Somos aqueles que fazem o melhor para manter tudo alinhado, em fileiras, tudo feito ticky-tacky, do mesmo jeito e com a mesma cara. (Cinco pontos por ter entendido essa referência sem pesquisar no Google.) E, por causa disso, não sei se temos tantos gênios. Observe que não estou dizendo que não temos pessoas inteligentes; temos um monte delas. Não, estou falando dos gênios que não apenas colorem fora das linhas da auditoria interna, mas reconhecem que essas linhas são uma armadilha que nos impedirá de alcançar o verdadeiro sucesso. E, ao ir além dessas linhas, eles encontram novas formas de fazer as coisas.
Sem esses criativos, não teremos um lugar à mesa, não seremos capazes de identificar riscos emergentes, não agregaremos valor e nunca cumpriremos as promessas que fazemos sobre o futuro de nossa profissão. (Principalmente porque pode não haver um).
Nunca ignore os organizadores. Mas encontre os criativos. Torne-se um criativo. Acolha os criativos. Apoie os criativos. Os organizadores são a base; os criativos são o futuro.